O consumo de substâncias psicotrópicas é bastante freqüente em nossa sociedade e a partir de uma revisão histórica da civilização humana, pode-se observar que a droga se fez presente no cotidiano do homem desde as primeiras notícias de sua existência. Tanto nas civilizações antigas quanto nas indígenas, as plantas psicotrópicas como o ópio, a coca e a maconha, eram bastante utilizadas para curar doenças, afastar espíritos maus, obter sucesso nas caçadas e nas conquistas e atenuar a fome e o rigor do clima de determinadas regiões.
A maconha é supostamente originária da Ásia central, pois cresce até hoje espontaneamente no Himalaia. Suas primeiras referências datam de 12.000 a.C. e o seu efeito euforizante já tinha sido descoberto na Índia em torno de 2.000 a 1.400 a.C. Essa droga era usada para estimular o apetite, curar doenças venéreas e induzir ao sono. Na China, foram encontrados seus primeiros restos datados de aproximadamente 4.000 a.C. e seus usos terapêuticos estavam presentes num tratado de medicina chinesa do século I.
As bebidas alcoólicas estiveram presentes em quase todas as civilizações que se tem notícia. A Bíblia, no livro do Gênesis, relata a embriaguez de Noé após o dilúvio, assim como o uso do vinho nas festas sagradas, ao qual, ainda hoje este é parte integrante de cerimônias religiosas como a da católica, judaica e candomblé.
Todas as drogas causam muitos problemas orgânicos periféricos e centrais, problemas sociais e psicológicos, além das suas potencialidades de causar adição e dependência.
Vários fatores influenciam o potencial de abuso, como a disponibilidade da droga, seu preço, sua aceitabilidade social e seu modo de uso, entre outros.
O álcool, ao qual é considerada lícita, é uma droga psicotrópica, isto é, uma substância que atua no sistema nervoso central do organismo, causando modificações fisiológicas ou de comportamento. É considerado uma droga dose-dependente por apresentar diferentes ações em diferentes dosagens. Em quantidades moderadas, essa droga apresenta uma função estimulante que causa euforia, desinibição, alegria; porém, é verdadeiramente encaixada na classe de drogas depressoras, tendendo a aumentar as neurotransmissões inibitórias diminuindo as neurotransmissões excitatórias ou uma combinação das duas ações, pois bloqueia consideravelmente o funcionamento normal do sistema nervoso. A ação excitatória do álcool, que seria a desinibição inicial que os usuários sentem, parece estar associada, pelo menos em parte, à supressão do sistema inibitório de transmissão.
O córtex cerebral possui uma função integradora de estímulos e ações ao qual são inibidas sob efeito do álcool, resultando em pensamentos desorganizados e confusos, perda de equilíbrio, atenção, memória, perdas motoras, letargia, confusão, amnésia, perda de sensações, dificuldade de respiração e até morte.
O etanol, principal agente dessa droga, é capaz de afetar todas as células do organismo, mas grande parte de suas ações ocorrem nos neurônios. O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibitório do nosso cérebro e um dos mais afetados com a ingestão de álcool. Com a ingestão desta, a molécula de etanol se liga ao receptor GABAaérgico, promovendo uma inibição do mesmo, o que causa relaxamento (pela diminuição da atividade cerebral) e sedação do organismo.
A maconha, ao qual é dada como uma droga ilícita, possui mecanismo de ação não esclarecido.
O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria planta (maconha), sendo este o principal responsável pelos efeitos ocasionados pela droga.
A concentração de THC na maconha pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e uso, assim, sua potência pode variar muito, produzindo mais ou menos efeitos. A variação destes também se dá de acordo com o usuário, considerando que a reação à droga depende da sensibilidade do organismo de determinado indivíduo.
Mecanismo de ação da maconha no organismo é dado com a metabolização do THC no fígado gerando um metabólito mais potente que ele próprio, além disso, o tetrahidrocanabinol é muito lipossolúvel ficando armazenado no tecido adiposo o que gera um prolongamento do efeito da droga no organismo.
Os efeitos provocados pelo THC no SNC dependem da dose consumida, experiência, expectativa e ambiente, onde os efeitos esperados serão: leve estado de euforia, relaxamento, melhora da percepção para música, paladar e sexo, prolonga a percepção de tempo, risos sem motivo aparente, devaneios e fica mais falante.
A maconha tem como efeito mais comum o bem-estar, porém, ocasionalmente traz um desconforto acompanhado de ansiedade intensa e idéias de perseguição. Quando este é usado regularmente trará problemas cognitivos como o prejuízo na memória e na habilidade de resolver problemas, comprometendo seu rendimento intelectual, sendo que a tolerância pela droga é observada apenas em casos de consumo elevado da substância. Já a abstinência, observada em usuários crônicos e em altas doses, é caracterizada por: ansiedade, insônia, perda de apetite, tremor das mãos, sudorese, reflexos aumentados, bocejos e humor deprimido.
Há um cálculo para o potencial de abuso que é dado com base no percentual de uso na vida e no percentual de dependência/ adição. Esses valores são demonstrados na tabela a seguir usando dados de estudos epidemiológicos norte americanos.
SUBSTÂNCIA | USO NA VIDA % | DEPENDÊNCIA /ADIÇÃO % | POTENCIAL DE ABUSO % |
TABACO | 75,6 | 24,1 | 31,9 |
ÁLCOOL | 91,5 | 14,1 | 15,4 |
DROGAS ILÍCITAS | 51,0 | 7,5 | 14,7 |
Maconha | 46,3 | 4,2 | 9,1 |
Cocaína* | 16,2 | 2,7 | 16,7 |
Estimulantes | 15,3 | 1,7 | 11,2 |
Ansiolíticos | 12,7 | 1,2 | 9,2 |
Alucinógenos | 10,6 | 0,5 | 4,9 |
Heroína | 1,5 | 0,4 | 23,1 |
Inalatórios | 6,8 | 0,3 | 3,7 |
Assim, ao observar, através dos estudos obtidos pelo uso das drogas e também pela visualização da tabela, é possível demonstrar que, a substância que possui maior potencial de abuso é o álcool, pois, estudos realizados sobre a maconha vêm comprovando uma menor toxicidade se comparada ao álcool e tabaco, onde também, pelas pesquisas realizadas por cientistas foi comprovado que a maconha, em relação á dependência demonstrou-se menos prejudicial que as outras drogas referidas na tabela, onde também seu uso é dado como menor que o uso das bebidas alcoólicas.
A utilização do álcool em quantidade elevada e continuamente, a longo prazo, acarretará gastrite, aumento da pressão arterial, pancreatite, hepatite, cirrose hepática, distúrbios neurológicos graves, alterações da memória e lesões do sistema nervoso central. Ao comparar o álcool com a maconha, os problemas orgânicos de longo prazo causados por esta são de menor gravidade. As principais conseqüências físicas do uso prolongado dessa substância se referem aos prejuízos da memória e às alterações hormonais que causam a diminuição da fertilidade masculina.
O álcool tem um alto poder de gerar dependência, ao qual intensifica e agrava as crises de abstinência, quando a pessoa pára abruptamente o seu consumo, ela pode apresentar problemas que vão desde insônia, tremores nas mãos, irritabilidade, até o delirium-tremens que pode levar ao coma e à morte. Já no ponto de vista da C. sativa, a síndrome de abstinência é bem mais leve, embora possam ocorrer manifestações de irritabilidade, falta de apetite e ansiedade. Um outro problema relacionado ao consumo de drogas, que é um dos mais importantes, refere-se à incapacitação social, ou seja, prejuízos nas relações interpessoais, afetivas, familiares, profissionais e escolares. Ela ocorre devido às alterações psicológicas causadas pela droga, bem como pela própria dependência que ela leva, onde a droga passa a ter maior importância do que qualquer outra atividade ou interesse na vida dessa pessoa. As conseqüências do álcool são extremamente sérias e intensas, podendo levar à impossibilidade de estabelecer vínculos afetivos e inviabilizar a atividade profissional, porém esta situação leva vários anos para se efetivar. Já os efeitos da maconha podem se fazer sentir bem mais rapidamente, embora no geral sejam de intensidade um pouco menor.
Através dos dados obtidos é possível observar que a Cannabis. sativa, mesmo sendo uma droga de comercialização proibida pela lei, apresenta-se como de menor potência tóxica e menor potencial de abuso se comparada ao álcool, que é uma droga de venda livre, e , por verificação de seus efeitos no organismo, através de estudos e testes realizados, é possível comprovar que seus efeitos são mais intensos e agressivos que os da maconha, e por isso, deveria ser reconsiderado uma reflexão de tal droga lícita, se realmente esta deveria ter seu consumo liberado sem haver nenhum tipo de restrição que possa diminuir tais fatores negativos relacionados á saúde de seus usuários.
Fontes:
http://www.unimeds.com.br/layouts/capa/tematico_drogas.asp?site=26&mat=2144
http://www.mp.go.gov.br/drogadicao/htm/drg_art01.htm
http://www.cerebromente.org.br/n08/doencas/drugs/abuse07.htm
http://neuromed91.blogspot.com/2010/07/mecanismos-de-acao-do-alcool.html
http://www.imesc.sp.gov.br/pdf/artigo%201%20-%20DROGAS%20PSICOTR%C3%93PICAS%20O%20QUE%20S%C3%83O%20E%20COMO%20AGEM.pdf
http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/conteudo/index.php?id_conteudo=11294&rastro=INFORMA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+DROGAS%2FTipos+de+drogas/Maconha
http://www.colband.com.br/edutech/webquest_template/docs2/Maconha%20ou%20%C1lcool%20%20q10.htm
Postado por: Márcia Rumy Horiuchi
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